Veja o vídeo. Uma moldura humana de jovens foi, ontem (dia 29 de Outubro de 2020), violenta e selvaticamente dispersada, alvejada com balas reais, porretes, cães polícias, pela Polícia Nacional do MPLA, por estarem numa vigília em homenagem aos mais de 103 jovens detidos em Luanda, entre os quais o secretário-geral da JURA (Juventude Unida Revolucionária de Angola), braço juvenil da UNITA.
Os manifestantes com velas, apenas com velas, na cidade do Huambo, ao abrigo de um direito constitucionalmente consagrado, artigo 47.º (Direito de Manifestação e reunião), também amedrontam o partido no poder, principalmente a governadora provincial.
Sempre que um direito estiver em causa ou a ser violado por autoridade colectiva ou privada é livre a indignação dos lesados, como é o caso.
Folha 8 está, neste momento, no coração da capital das províncias do Centro/Sul, testemunhando enquanto jornal de Liberdade mais um acto de musculação e pancadaria policial, que fez e está a fazer verter sangue no rosto e corpo de centenas de jovens, agora do Huambo.
“A Vissolela já caiu, deram-lhe uma pancada na cabeça, não sabemos se vai resistir, porque nos impediram de o socorrer”, denunciou João.
Nós (F8), enquanto jornalistas, estivemos no meio do alvoroço, protegido pelos cidadãos, já que se a Polícia nos identificasse, correríamos o risco de, pura e simplesmente, sermos arrastados para as fedorentas masmorras, pois durante a manifestação, na zona da Casa Branca, antiga residência de Jonas Savimbi, não muito longe do aeroporto local, um comissário perguntava, instruindo: “cuidado com os gajos do Folha 8, se virem um fiquem atentos, pois esses tipos são perigosos e vão publicar tudo”, sic.
Felizmente, não fomos apanhados, desta vez, porque apesar da restrita circulação física, somos o jornal mais referenciado, nos meios político, intelectual e juvenil, face à abrangência da edição diária do nosso site, principalmente, por não exigir assinatura, para quem o pretenda aceder.
“Senhor jornalista, vocês têm de reportar isso, porque aqui está pior que Luanda, porque a TPA e a Rádio Nacional não vão passar a verdade”, grita o jovem Lucrécio Manjamba, que adianta, “eu nem sou da JURA nem da UNITA, apenas não concordo com essas prisões, espancamentos e assassinatos, que estão a ser cometidos, pela polícia que agora e cada vez mais me convenço é do MPLA”.
A situação está tensa, os comités do Galo Negro estão praticamente cercados no Huambo e os seus dirigentes acusam estarem a ser vigiados e perseguidos, por agentes da SIC, do SINSE e Polícia Nacional.
“Isto é uma merda de país. Assim vamos aonde? Será que só o MPLA é que tem direito a se manifestar e os outros não? Porquê esse tribalismo todo? Isso é demais, pois o MPLA só quer mesmo a guerra, mas, assim, um dia vai ter e poderá ser iniciada outra revolução”, denuncia Mangaly Weza.
Uma coisa ficou evidente nesta investida da Polícia Nacional (do MPLA), o alvo a abater, cometendo ou não um ilícito é a UNITA.
E se dúvidas houvessem, os jovens, maioritariamente do Galo Negro, constataram ser discriminados e o seu crime foi o de pedirem justiça para a libertação dos jovens, do secretário-geral da JURA e do jornalista da Rádio Despertar, único que João Lourenço não permite que seja libertado, todos presos desde 24 de Outubro, em Luanda, quando participavam na manifestação mais pragmática, realizada no consulado de João Lourenço.